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“Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.  Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” – Rute 1.16-17 

 

A humanidade está cada vez mais individualista. O homem é o centro de todas as coisas, e tudo gira em torno de seus desejos. Na atual conjuntura colocar-se ao lado de outra pessoa só é admissível se houver vantagens e possibilidades reais; na medida em que estas vantagens e possibilidades se deterioram, nada mais justo do que abandonar ou quebrar estes laços e criar novos com outra pessoa. Isto se aplica a praticamente tudo neste mundo: relações trabalhistas, relações familiares, relações estudantis, relações sociais e até mesmo relações religiosas. O importante é a satisfação do indivíduo, mesmo que isto signifique que as outras pessoas tenham prejuízo moral, emocional e espiritual. Esta visão utilitarista e individualista pode ser considerada como algo amoral, porém provoca tristeza e dor até mesmo naqueles que as vivenciam. 

Não era para ser assim. Deus, ao criar todas as coisas – inclusive a humanidade – fez uma aliança eterna com tudo e todos.  Ele seria o Deus provedor e tudo giraria em torno de sua pessoa, para o louvor da sua glória. O primeiro a “quebrar” as regras e a querer uma “carreira solo” foi Satanás. O questionamento que abrigou em seu coração foi: “porque tudo tem que girar ao redor dele? Porque não pode girar ao meu redor”? E a primeira ruptura apareceu e trouxe consigo as suas próprias conseqüências. Depois disto foi a humanidade representada por Adão e Eva: mesmo questionamento, mesma atitude rebelde, mesmo resultado terrível – afastar-se de Deus. Com Adão e Eva teve o agravante de se romper os laços de confiança entre o casal, pois Adão descaradamente acusou Eva de tê-lo “seduzido” e Deus por ter dado a mulher a ele; já a mulher culpou a serpente que a “enganou”; e lá se foram os compromissos assumidos…

Deus não muda em suas alianças e algumas pessoas de caráter estabelecem para si compromissos pessoais e não mudam. Este é o caso de Rute, a moabita, que nem pertencia ao povo de Israel, mas estava casada com um dos filhos de Noemi. As alianças feitas pelo casamento foram dissolvidas com a morte dos homens, e assim Noemi, Rute e Orfa não possuíam vínculos sanguíneos a serem mantidos. Fazendo um trocadilho com o significado do nome de Orfa, ela deu as “costas” para sua sogra e voltou para a sua terra; e usando da mesma lógica com o significado do nome de Rute, ela se mostrou uma verdadeira “amiga” para Noemi. O compromisso que Rute assumiu foi algo estranho, pois Noemi passou a ser o centro de suas atenções. Rute lhe fez promessas de companheirismo, de união, de divisão das desventuras que estavam propostas, e da partilha de um mesmo povo e um mesmo Deus; seu compromisso é assumido sem a menor garantia de tolerância e paciência, ou atrelado à uma atitude positiva de Noemi; e mais: é um compromisso de vida e morte. É o estabelecimento de uma aliança forte, intensa, honesta, destituída de qualquer vínculo físico ou cunho sexual, pois é apenas afetivo como se fora de uma filha para com sua mãe. 

Um compromisso desta magnitude é provado intensamente. Eram mulheres, viúvas, pobres e famintas, mas estavam juntas para enfrentar o que a vida lhes oferecesse. Que exemplo para muitas pessoas! Que modelo para muitos relacionamentos familiares! Ah se esposas dissessem isto para seus maridos e honrassem suas palavras… ah se maridos afirmassem isto para suas esposas e cumprissem estas promessas… certamente muitos casamentos ainda existiriam nos dias de hoje. 

O homem e a mulher moderna não querem prender-se a ninguém; podem até dividir um apartamento, alguns momentos de vida, mas na primeira dificuldade, na primeira frustração, na primeira palavra mal dita já estarão de malas prontas para irem ao encontro do algo novo. É a falsa idéia de que não vale a pena consertar, que o custo é muito alto, que o melhor é substituir por uma “peça nova” – pode ser um marido, uma esposa, filhos, chefes, empresas, cidades ou até mesmo país, porque nada prende a pessoa moderna. 

Parece um cenário triste e desolador, porém acredito na história de Elias que, desiludido com sua geração e circunstâncias, pediu a morte para Deus. No entanto, o Senhor lhe revelou que havia um remanescente fiel que não havia se curvado ante os “deuses” da modernidade e ainda eram fiéis ao Senhor. 

Sou um destes que teimam em acreditar que ainda há esperança, que ainda existem pessoas de caráter que honram seus compromissos até a morte, que tem uma aliança eterna com Deus e que possui relacionamentos fiéis e constantes. Creio que ainda existem “Rutes e Noemis” para nos ensinarem que vale a pena se comprometer, que no tempo certo tudo vai se ajeitar, melhorar e culminar com a glória de Deus. Você é uma destas pessoas?

Um bom e abençoado dia!

Rev. Joel

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