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Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” – Ef 6.12 

Nos anos 80 e 90 o tema: “guerra espiritual” estava no auge. Pastores escreviam milhares de páginas a este respeito, e igrejas inteiras engajavam-se nesta luta tentando descobrir os “infiltrados” de Satanás que queriam destruir a vida comunitária – uma verdadeira caça às bruxas. Lembro-me de um cartaz feito por um acampamento de jovens onde havia um castelo no centro, rodeado de altas muralhas, e sobre elas figuras de cavaleiros de armadura usando lanças, espadas e arcos nitidamente defendendo as muralhas contra os invasores que, por sinal, eram pessoas com “chifrinhos”. O mais desconcertante era o título: “Vamos saquear o inferno“!. Se o apóstolo Paulo tivesse a oportunidade de ver choraria de tristeza.

Quando Paulo escreveu aos cristãos queria que eles entendessem que a perseguição, a tortura e o martírio não tinham origem no coração dos homens de forma natural. Paulo entendia que estas pessoas eram instrumentos de Satanás para promover tais coisas e que, portanto, não deveriam ser consideradas como inimigas, mas vistas com compaixão por serem escravas do mal. 

Outro fato que seus leitores precisavam entender – e nós também – era que tudo o que estava acontecendo tinha um plano maior, um propósito mais elevado, e que absolutamente tudo estava sob o controle e domínio de Deus. Por mais força que Satanás e seus asseclas tenham, esta força foi concedida por Deus. Eles não são autônomos e por mais que queiram profundamente destruir a vida de um cristão, isso não vai acontecer porque Deus os protege, os prepara, os “veste” para resistir no dia mau (v.13). Dia mau aqui é o momento da provação intensa, da feroz investida do maligno, que poderia culminar com martírio se assim fosse a determinação do Senhor. Somente os que permanecem fiéis até a morte é que ganham a coroa da vida (Ap 2.10. Leia! É importante!). 

Outro fato a ser entendido nas palavras de Paulo no verso 12 diz respeito “às regiões celestes”. Retornando às décadas de 80 e 90, vi um grupo de jovens dirigir-se aos quatros cantos de uma determinada cidade para orar e amarrar o inimigo, e desta forma acreditavam piamente que ajudariam os anjos guerreiros do Senhor que batalhavam pelas almas das pessoas daquela cidade, e assim a vitória espiritual estaria assegurada. Precisamos lembrar sempre que o maligno é o “príncipe” deste mundo porque Deus assim permitiu (Jo 6.8-11 e Ef 2.1-10. Leia! É importante!), e que isto tem limites bem estabelecidos e prazo de validade. O que Paulo queria dizer com “regiões celestes” se não diz respeito nem aos céus nem à terra? Acredito que ele descrevia o nosso coração transformado e regenerado, mas que tem um inimigo infiltrado chamado “velho homem”, e este promove o que Paulo chamou de guerra interior onde a “carne milita contra o Espírito” (Gl 5.17); este é o território espiritual que está em constante conflito e que precisa de toda a proteção que o Pai pode oferecer. 

A batalha existe. Todo cristão é um soldado do Senhor. Desertar é impossível. Lutar com honra e galhardia é o que Deus espera. A luta é nossa, mas a vitória vem do Senhor.

Vamos à luta?

Um bom e abençoado dia!

Rev. Joel

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